Quando saí do Brasil eu tinha um planejamento cronológico em mente. Chegávamos em Novembro, meu marido começaria a trabalhar em Dezembro, daí daria entrada no meu pedido de residência (era necessário o contrato de trabalho do meu marido, pra comprovar que ele tem condições $$$ de me sustentar) e ficaria pronto em um mês, eu teria meu cartão de residência, começaria a trabalhar, no máximo, no começo de fevereiro e a vida continuaria feliz e contente.
Mas nem tudo caminhou como previsto, meu marido só começou a trabalhar em Janeiro (porque parece que o ano aqui termina em Novembro, é uma morosidaaaaade…), assim que ele chegou em casa com meu contrato de trabalho liguei para o SEF e agendei o meu pedido. Ficou marcado para 31/01/09. Detalhe: meu visto de turismo venceria em 02/02/09.
Cheguei no SEF e estava lotadíssimo. Esperei cerca de meia hora e fui atendida por uma triagem, que verificou todos os meus documentos. Estando todos ok, me encaminharam para um outro guichê, onde seria feito de fato o pedido.
Foram-me feitas perguntas sobre meu casamento, quando foi, onde foi, quando foi averbado, se meu marido já tinha a dupla cidadania antes ou depois do casamento, etc.
Em seguida, o senhor que me atendeu puxou assunto. Meio que conversa fora, mas talvez estivesse tentando ganhar confiança pra que eu me soltasse e falasse algo suspeito, afinal, brasileiro é assim mesmo. É só dar confiança que fala tudo rsrs
Ele viu no meu documento que eu vinha do Rio de Janeiro e comentou que já esteve no Brasil e não pretende voltar, porque é muito violento (e eu nem tive como discordar dele!). Comentei que foi esse um dos motivos que fez com que eu e meu marido decidíssemos viver cá pra Portugal. Ele disse que era de Angola, que os pais dele eram portugueses, mas ele nasceu em Angola e veio pra cá já adulto. Vive cá há 30 anos e uma vez visitou a África (eles se referem aos países como se fosse um continente) e foi baleado, no meio da rua, e uma das balas pegou o pescoço. Me mostrou a cicatriz e realmente…
Ele disse que concorda com a imigração, porque é a única forma de manter Portugal vivo, e disse ainda que é pena que muitos países paguem uma taxa elevada pra fazer esse pedido de residência. A minha taxa é de 7€, enquanto a taxa para quem vem da Índia é de uns… 200€.
Essa benesse não é por causa dos meus lindos olhos castanhos, mas porque há um acordo entre os governos brasileiro e português que faz essa “promoção” para brasileiros em Portugal e portugueses no Brasil.
No meu ponto de vista, quem tem direito a cidadania ou residência aqui em Portugal é muito bem vindo e não tinha que ter taxa alta, independente do país de origem. Acho que quem vem pra cá e não tem parentesco com cidadão português (exemplo: reagrupamento familiar) tem que pagar uma taxa diferenciada, assim inibiria a imigração ilegal.
O tal senhor que me entrevistou foi super solícito e educado. Fiquei impressionada. E me disse a partir de então eu receberia uma carta em meu endereço, e teria que voltar lá quando receber a carta, pra pagar a taxa e recolher minhas digitais e assinatura, para confeccionar o meu cartão. Alertou-me ainda que estava demorando um pouco, mais que o habitual, porque depois que foi permitida a nacionalidade portuguesa para netos de portugueses, houve uma demanda nos pedidos e eles têm trabalhado inclusive aos sábados, para agilizar o processo. O prazo para receber a minha carta ficaria entre dois e três meses, a contar do dia que dei entrada.
Depois de 61 dias de espera, minha carta chegou. Exatamente hoje, dia 1º de Abril, e não é mentira!!!
Um envelopinho branco, com um logotipo lindo, endereçado a mim.
Os próximos passos são fazer uma nova marcação (agendamento) de comparecimento para fazer o que resta. Já está agendadíssimo para 3a. feira, dia 07 de Abril, na parte da manhã.
A melhor parte é que poderei refazer meu curriculo e procurar emprego. Do jeito que eu já estou farta de ficar em casa, não vou ser muito exigente por agora.