Reciclagem terminada em “ão”

É a nova onda lusitana. Tudo aqui é em prol da preservação do meio ambiente.
O valor do imposto do carro (como o IPVA, do Brasil) é calculado de acordo com o peso do automóvel e com a emissão de gases. Juro que não é mentira, e confesso que é muito justo, porque não é o valor do carro que vai desgastar as vias por onde anda, e sim o peso do automóvel; e também não é o valor do carro que vai poluir o ambiente. A título de informação, o valor do imposto anual do carro não chega a 50 euros. Enfim…

Tem sido feita desde os primeiros anos de escola para os miúdos (forma gentil de chamar as crianças)  uma conscientização de que é necessário reciclar, não deixar luzes acesas quando sair de um cômodo, se estiver vendo TV deixar o video game e o computador desligados, não atirar lixo na rua, e chamar a atenção dos mais velhos quando estes não fizerem a distribuição seletiva de lixo, para reciclagem.

Existem programas de TV pra orientar e incentivar a população a reciclar, ou melhor, a facilitar a reciclagem. Encontramos pontos de reciclagem a cada esquina, que são grandes lixeiras fechadas, identificadas por cor e com aberturas diferentes, uma para cada tipo de material.ecoponto

Verde (ou Vidrão) = para vidros
Azul (ou Papelão) = para papel e papelão
Amarelo (ou Embalão) = para embalagens de plástico, tetrapak, metal e alumínio

Não é qualquer vidro ou papel ou embalagem que pode ser colocado no Ecoponto. Material infectado não pode. Lâmpadas não pode. Talheres e ferramentas não pode. Guardanapo de papel não pode.

A recolha é feita periodicamente, de acordo com um caléndário pré-determinado por cada Junta de Freguesia, e à noite: não atrapalha o trânsito. Quem organizou isso tudo foi a Sociedade Ponto Verde, uma organização sem fins lucrativos. No site da Ponto Verde tem informações bem fáceis de entender, e com animações que são atrativas para os mais pequenos.

A Deco Proteste (tipo um procon, mas não é um procon) tem uma página rica em informações sobre o assunto.

Além destes 3 pontos temos ainda  o Oleão (tem um post sobre ele em Março/09), o Electrão (para eletromésticos que seriam jogados fora) e o Pilhão (para pilhas e baterias).

ponto-electrao

Estes dois são encontrados em mercados, o Electrão fica geralmente nos estacionamentos e o Pilhão fica na porta do mercado.

A recolha de pilhas e baterias já estava sendo feita no Brasil e eu, como tinha um MP3 player a pilha, sempre tinha uma para descartar. O Banco Real dispõe nas agências, ao lado dos caixas eletrônicos um recipiente tipo o Pilhão. Eu ficava com a bolsa cheia de pilhas pra descartar, porque não sabia quando ia ao banco de novo. Às vezes eu ia ao banco só pra jogar as pilhas fora.  Quando as pilhas usadas são descartadas em lixo comum, e vão para os aterros sanitários, acabam contaminando o solo com uma substância tóxica, e com a chuva, são levadas até os lençois de água.

Cada ser vivo necessita de uma quantidade mínima de espaço natural produtivo para sobreviver. Avaliar até que ponto o nosso impacto já ultrapassou o limite é, portanto, essencial, pois só assim somos capazes avaliar se vivemos de forma sustentável. Isto não significa, claro, que se possa consumir e gastar mais ainda há capacidade disponível. Pelo contrário, se queremos deixar espaço para  as próximas gerações temos que lhes reservar o máximo de espaço.

E foi assim que nasceu o pilhaoconceito de “Pegada Ecológica”. Criada por William Rees e Mathis Wackernagel a Pegada Ecológica permite calcular a área de terreno produtivo necessária para sustentar o nosso estilo de vida. Foram escolhidas várias categorias de terrenos (agrícola, pastagens, oceanos, floresta, energia fóssil e construídos) e de consumo (alimentação, habitação, energia, bens de consumo, transportes, etc). Cada categoria de consumo – que pode ser mais ou menos desagregada – é convertida numa área de terreno (em princípio de uma das categorias apresentadas) por meio de factores calculados para o efeito.

Há um teste em PDF para calcular a sua pegada ecológica. Não é nada preciso, mas dá pra ter uma noção de como está o seu impacto na natureza. Está publicado numa página do site da Escola Superior de Biotecnia da UCP.

A minha pegada ecológica está entre 4 e 6 hectares (resultou em 245 ponto). Muito para um casal sem filhos, mas não tenho culpa que meu apartamento não tem aquecimento a gás.

A minha consciência sobre o que eu compro mudou muito em função da reciclagem. Por exemplo, eu gosto de cerveja. Aqui em Portugal temos garrafas de cerveja não retornáveis, de 1 litro. Eu dou preferência por comprar essa garrafa de 1 litro em vez de comprar um pack de 6 long necks, porque é mais vidro, mais metal e o papel que amarra as 6 garrafinhas.

No caso do refrigerante, é preferível que você seja adepto das garrafas de vidro do que das garrafas de plástico. O vidro é 100% reciclável (o vidro de uma garrafa, quando reciclado, faz uma outra garrafa com as mesmas dimensões), enquanto as garrafas de plástico (que são chamadas PET porque é mais fácil do que dizer Politereftalato de etileno) têm um aproveitamento de 70% apenas.

Procuro comprar produtos feitos em Portugal, porque o transporte (lê-se: quantidade de combustível utilizado poluindo o ambiente) impacta na natureza. Evito alimentos prontos (como aquelas refeições congeladas) porque há muita embalagem (alumínio ou isopor ou plástico e papel). Claro que às vezes, na preguiça, eu recorro à lasanha congelada, mas não é minha refeição garantida da semana.

Quando eu vou ao mercado ou à mercearia e compro algo pequeno, eu não ponho em sacola plástica o que comprei, guardo dentro da bolsa.
E quando vou ao mercado fazer uma “comprinha” eu procuro levar as sacolas de casa. Comprei até uma sacola de lona, pra que dure mais e seja reutilizável mais e mais vezes. Minha motivação veio do vídeo abaixo. Está em inglês e não tem legenda,  mas caso não fale o idioma, não se preocupe. Dá pra entender bem a mensagem rsrsr

O Continente fez sacolas degradáveis, que se decompõem mais rápido agredindo menos a natureza. São sacolas plásticas, mas conforme vc vai usando ela fica toda quebradiça, parecendo um papel amassado. E não são aquelas sacolinhas fraquinhas que arrebentam com 1 kg de arroz. São sacolas resistentes, que seguram 2 garrafas de vinho, sem medo de ser feliz.

São pequenas atitudes como essas que fazem a diferença. Se todos tiverem pelo menos a mesma preocupação com as sacolas de mercado e com a distribuição do lixo de forma seletiva, o impacto na natureza seria muuuuuuito menor.

Existe também outro objeto no alvo na reciclagem, mas ainda não tem um nome carinhoso.rolhinhas É a reciclagem de rolhas de garrafas. Consome-se muito vinho cá em Portugal (também pudera, né? É fabricado aqui e mais barato que cerveja), e o que fazer com as rolhas? A Quercus colocou caixas para recolha das rolhas de garrafa na entrada de alguns estabelecimentos comerciais. Aqui perto de casa fica na porta do Continente. Sempre que vou fazer compras, levo as rolhas comigo, pra depositá-las lá.
As rolhas de cortiça recicladas nunca são utilizadas para produzir novas rolhas, mas têm muitas outras aplicações, que vão desde a indústria automóvel, à construção civil ou aeroespacial. Como? Não faço idéia. Mas se o lema é reciclar, eu tô dentro.

E… seguindo o raciocínio de todos os pontos de reciclagem daqui, fica a sugestão para o nome: que tal Rolhão?

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Um pensamento em “Reciclagem terminada em “ão””

  1. Caros senhores, envio o link para divulgação do trabalho que estamos realizando
    acerca de iluminação, reciclagem e meio ambiente.
    Lâmpadas LED PRODUZIDAS COM MATERIAIS RECICLADOS DE FLUORESCENTES COMPACTAS QUEIMADAS.

    lINK DO VÍDEO:

    Se julgarem conveniente, agradeço qualquer apoio e/ou divulgação para esta proposta.

    Att,

    Eng.Fernando Kiszewski
    Radak Sul – Engenharia de Serviços
    http://www.radak.cjb

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