Lisboa, 25 de Abril de 1974.
Sim, Portugal passava por uma ditadura.
Sim, foi um golpe militar.
Sim, houve uma manifestação, em que a reivindicação era a liberdade do povo.
Sim, as ruas de Lisboa ficaram manchadas de vermelho.
Não, não era sangue. Eram cravos.
Conta a lenda que no dia o self-service “O Franjinhas” comemorava o seu 1.º aniversário e o seu proprietário tinha comprado cravos vermelhos para oferecer aos seus clientes. Devido à agitação revolucionária, o estabelecimento não abriu e uma funcionária do restaurante saiu com os cravos para que não murchassem. Ao ir para casa e vendo a felicidade do povo começou a distribuir pelos militares os cravos que os colocaram nos canos das suas armas.
Daí eles marcharam pela zona do Rossio de Lisboa, com as armas em punho e os cravos em suas pontas. Forçaram os governantes a abandonar seus postos. E funcionou!
Foi assim, mas não foi só isso.
Resumidamente, aconteceu o seguinte: os militares cansados de dançar conforme a música do Salazar e companhia, também chamado ironicamente de “a velha senhora”, se revoltaram contra o governo. Não foi de um dia para o outro. Ao longo de 9 meses, aconteceram brigadas, manifestações, e tal. Até que a revolução final foi organizada. Os líderes revoltosos combinaram com os que aderiram à causa que no dia 25 de abril de 1974, cerca de 2 da manhã, seria iniciado o ataque. Mas como eles saberiam que estava tudo certo? Como saberiam que poderia ir a diante com o plano? Precisavam de um código que fosse possível chegar a todos os quartéis, ao mesmo tempo, sem levantar suspeita. Justo o que aconteceu. Quando tocasse na rádio a música “Grandôla, Vila Morena“, o golpe seria iniciado. Os militares dos quartéis das zonas nos arredores de Lisboa (Santarém, Estremoz, Vilas Novas) marcharam em direção à Praça do Comércio, onde estavam todos os Ministérios. Pelo restante do país as forças militares também tomaram rádios e aeroportos. Também cercaram o quartel da Guarda da GNR (Guarda Nacional da República) no Carmo (também lá pros lados do Rossio de Lisboa). O Governo até tentou relutar, mas… o povo não deixou.
Existia uma polícia chamada PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) que prendia os que se opunham ao Governo, mas não chegava… E os maus-da-fita (ou seja, o Governo) até tentaram mandar vir por terra e por mar reforços para parar a multidão, mas… não chegava.
O povo se uniu à manifestação militar, foram para as ruas, cantavam “o povo, unido, jamais será vencido” e outros brados retumbantes em prol da liberdade. Auxiliaram os militares, serviram comida e água, para que estes fortes guerreiros não precisassem abandonar o campo de batalha.
O Governo não teve outra opção, senão ceder. E deu-se a vitória ao povo. Desde este 25 de Abril, Portugal mudou. Para melhor, é claro! Também mudou o nome da ponte que unia as margens do Tejo. De “ponte Salazar” virou ponte 25 de abril.
Eu achei que a Avenida da Liberdade, que liga a praça Marquês de Pombal à praça Restauradores, também tinha este nome em homenagem à revolução, já que os militares com cravos passaram por ali também. Pesquisei a respeito e descobri que a Avenida da Liberdade sempre foi chamada desse jeito, desde que o Marquês de Pombal reconstruiu a cidade de Lisboa após o terramoto de 1755. Mas é outra história, que eu conto em outro post depois.
Existem muitos textos sobre a revolução, e não vale a pena transcrevê-los. Prefiro citar os links, para os interessados:
Resultados do Wikipedia
Monografia sobre a revolução
Vídeo e textos sobre o 25 de abril
Área Militar.net
Opinião e Notícia.com.br
Site 25 de abril.org
Eu não resisti e fui à manifestação. Calma! Fui hoje, em 2009, 35 após o grande evento da Liberdade. Na altura do acontecimento original eu nem era nascida, e meus pais de certeza ainda não planeavam o meu nascimento.
Não era bem um desfile, como o 7 de setembro, no Brasil. Era uma nova manifestação. As juntas de freguesias de diversas localidades, principalmente das que participaram da revolução de 74 estavam lá. Todos com cravos na roupa ou nas mãos, e quem não tinha um cravo, tinha um adesivo com uma foto de um cravo. Todos pediam liberdade, porque com a crise econômica, o povo ficou meio “podado”. Alguns criticavam o Governo, outros faziam manisfestações sindicais. Tinha bandas, tambores, carros de som e até gaitas de foles.
É claro que eu pus um cravo na minha lapela. Entrei no clima, e é a primeira vez que vejo um manifesto que é do povo, em prol do povo.
O ilustre poeta Chico Buarque também deu o ar de sua arte para a Revolução. Termino aqui com o videoclip de “Tanto Mar”.
Oi.
eu tenho um fila com papilomatose e o tratamento está dando certo.
Se quiser podemos trocar informações.
Abraço,
Elaine