MAC x Centro de Saúde

Antes de mais nada, deixe-me explicar como é distribuída a saúde pública em Portugal. Você tem que estar registado no centro de saúde da sua região de residência, e poderá lhe ser atribuído um médico de família. Isso nada mais é do que um médico que lhe vai ser designado aleatoriamente, e qualquer situação você vai ter que passar por ele primeiro e depois ele vai te encaminhar para um especialista, caso necessário.

Pela teoria, deveria funcionar bem, mas só conheço umas duas ou três pessoas que têm médico de família. Logo, qualquer situação, em vez da pessoa dirigir-se ao centro de saúde, vai direto para as urgências dos hospitais. Também é setorizado pela sua região. Exemplo: se você mora em Loures, não deverá dirigir-se às urgências do hospital de Cascais. Seu hospital (até o momento) é o Curry Cabral.

Isso ameniza a distribuição de pacientes pelos hospitais, mas de acordo com as regras, ninguém deverá ter atendimento negado, portanto, se for uma emergência mesmo, vá ao que estiver mais perto.

Além disso, o público não é 100% gratuito . Paga-se uma taxa moderadora de acordo com o serviço que vai utilizar.

Exemplo: certa vez eu estava me queixando de dores nas costas, na altura dos rins, fui ao Curry Cabral nas urgências e paguei 7€ pra ser atendida após as 22h, e 0,70€ pelo exame de urina. É irrisório, mas pra muita gente esse valor tem impacto no orçamento.

Pra quem realmente passa necessidade, é atribuída uma isenção da taxa moderadora, fazendo com que essa pessoa tenha um atendimento “gratuito” (entre aspas porque todos pagam impostos, logo, todos pagam para usufruir da infraestrutura e serviços públicos).

De acordo com a legislação portuguesa, já citada anteriormente aqui no blog, toda gestante tem direito de atendimento e acompanhamento médico gratuito, pelo SNS (serviço nacional de saúde), ou seja, tem a dita isenção da taxa moderadora.

Explicado isso, vamos ao tema.

Eu estava sendo acompanhada pelo centro de saúde da minha região e adorei o médico que estava me acompanhando. Ele é descontraído, tem senso de humor, é preocupado com o meu bem estar, acessível, etc. Mas não é ele quem vai fazer o meu parto…

Me passou as análises de sangue, o pedido de ultra/eco, e marcou o rastreio bioquímico na MAC pro dia 28/11. Fiz os exames que ele pediu, levei lá no final de outubro, ele disse que estava tudo bem, e egendou a outra consulta pra dia 15/12.

No dia do rastreio, minha pressão arterial estava elevadíssima. Bem pudera! Era o dia em que eu iria descobrir que o meu primeiro bebê é perfeito ou se havia indícios de má formação genética. Enfim, estava 14×9.

A médica ficou preocupada e me encaminhou para uma consulta na semana seguinte na unidade de alto risco.

Achei impecável a atitude. Tomei nota da minha pressão arterial diariamente e levei tudo anotadinho no dia da consulta. A médica disse que estava mais normal, mas a sistólica ainda estava alta e queria continuar a me acompanhar. Passou o pedido de ultra/eco morfológica pra fazer lá mesmo na MAC, e marquei outra consulta pra 11/01.

O problema eu descobri depois: qualquer exame que eu faça na maternidade fica na maternidade. Eu não tenho acesso às análises de sangue e urina, às imagens impressas da ultra/eco, não é possível gravar a ultra. Tudo o que eu precise fazer, tem lá mesmo na MAC, é só descer ou subir um andar que está tudo ali super acessível. Mas não ter os resultados é muito desagradável.

E o parto? Quem faz? É o fator surpresa. Não posso ter acompanhantes no pernoite (o que me causa certo frisson, porque vão me tirar a criança e eu vou passar a noite sozinha???), não sei quem vai fazer o parto. É a equipa que estiver disponível no momento.

Pelo centro de saúde ia ser o mesmo drama sobre o parto, mas a única benesse seria poder escolher onde fazer os exames e análises e ficar com os resultados (e seria acompanhada sempre pelo mesmo médico).

Posso escolher qualquer clínica privada pra fazer exames, desde que sejam conveniadas com o SNS. E é igualmente isento de taxas moderadoras.

Hoje fui pesquisar quanto custa um parto no privado. Na CUF Descobertas um parto natural custa entre 3 a 4mil euros, e o cesariana custa entre 4 e 5 mil euros. Todos os custos incluídos (internação, centro cirúrgico, anestesista, etc). Uma ecografia de 20 semanas custa pouco mais de 100€.
Não é barato, mas pelo top do hospital, sem plano de saúde, pra quem pode, não acho elevado. Quem tem seguro de saúde particular consegue usufruir de tudo e mais alguma coisa, conforme o limite anual de utilização (plafond).

No particular tem-se regalias, miminhos, e pode-se passar a noite acompanhada mediante o pagamento de uma taxa módica para o pernoite do acompanhante. Pode-se ter mais de uma pessoa pra assistir a ultra/eco, pode-se gravar.

Não tenho seguro de saúde (nunca senti necessidade de fazer um), nos é inviável fazer o parto no privado, e até então me sinto confortável em fazer o parto na Alfredo da Costa, mas fico ligeiramente chateada em não poder montar um dossier do meu primeiro bebê ainda dentro da barriga com todos os exames, ultras, etc…

Um pensamento em “MAC x Centro de Saúde”

  1. Olá a todos! Ajudem pf.
    sou portuguesa na residente e não sei o que fazer para ter o bebé na MAC.
    ja fui a um médico que faz partos na MAc disse que não pode me transferir para MAc uma vez que será outra cesariana.
    nao sei o que fazer. E que devo me inscrever no centro de saúde da regiao. Ja nao sei que porta bater e estou com 31 semanas.

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