Eu subscrevi os feeds de duas páginas sobre maternidade/parenting: Just Real Moms e De Mãe para Mãe.
O primeiro é brasileiro, o segundo é português.
Alguns posts destes sites são bastante úteis. Mas são poucos. Essa é a minha opinião, é claro.
Sabemos que algumas publicações são patrocinadas e que puxam a sardinha pra brasa de determinado produto ou marca, mas quando é demais deixa de ser fiável porque sabemos que é apenas propaganda.
Me irrita mais o site brasileiro que o português, que abaixo listo os principais temas (volto a deixar claro que é a MINHA opinião):
No site brasileiro:
- a mania de excluir e diminuir o papel do homem como pai
- as listas sexistas (as “x” coisas que mãe de menina/menino deve saber)
- todos os posts que começam com “as X coisas que toda….”
- as dicas do que não pode faltar no enxoval que tem itens suuuuuuper fundamentais (LOL)
- as “verdades” sobre a maternidade
- a má interpretação sobre o papel de uma madrinha (isso é uma questão religiosa e não de “quem substitui os pais”)
- a maternidade parece ser um direito exclusivo caucasiano de classe média
- ter babá é um “item” quase que obrigatório
- a maternidade é apenas biológica (nunca vi um post sobre adoção, apesar de existir apenas UM no site, e este não vi ser republicado)
No site português:
- a obsessão por manter a forma e o peso durante e depois da gravidez
- a imposição do aleitamento materno (de forma sutil, mas imposto)
- sensação de que quem não faz crio-preservação das células estaminais está parada no tempo
- a expectativa média é de que as crianças serão todas super levadas, mas que devem ser “adestradas” para se comportarem como adultos quando estão num ambiente com outras pessoas.
- a sensação de que é errado brincar junto com os filhos como se fossemos criança de novo
- excesso de artigos “bancados” por patrocinadores
Na minha opinião ser mãe não tem regra. Não tem manual, não tem padrão. E ser pai também não tem regra. Cada um sabe do que é capaz.
Meu marido é mega ultra participativo na criação do Tuco e agora com a Liv ele tem sido impecável. Me ajuda em tudo. Eu praticamento só tenho dado o beijo de boa aula e boa noite no meu filho porque tenho sempre a Liv pendurada no peito ou no colo. Agora que ela tá mais crescidinha, que o tempo está melhorando, estou conseguindo me desgarrar mais dela e até consigo brincar mais com o Tuco.
Somos só nos 4 aqui, então o que quer que façamos, as crianças estão connosco. Seja num restaurante, num café, em casa, passeando. E já fomos inclusive elogiados pelo dono de um restaurante pelo comportamento do nosso filho. Ele sentou à mesa, comeu, fez gracinha, se sujou, molhou a mesa, ou seja… o que é normal para uma criança de 2 anos e pouco, mas ele não saiu correndo pelo restaurante que nem um doido, nem perturbou outros clientes, não gritou e por sorte não quebrou nada. Meu filho é um anjo.
Ele é super comportado? Lógico que não!! Faz birra, chora, pede coisas, etc. Mas a diferença é que eu não espero dele uma atitude de um mini-adulto. Eu não espero que ele tenha discernimento de tudo. Ele é uma criança! Ele acabou de deixar de ser um bebê. Portanto, pra mim ele é um anjo sim. E eu não tenho vergonha de chamar a atenção dele em público. Vou combinar códigozinho pra que ninguém perceba que eu não estou satisfeita com o comportamento dele? Eu, hein! Estou educando o meu filho e nada melhor que uma situação real para ele aprender o certo e o errado.
As listas sexistas me incomodam porque nenhuma menina é obrigada a ser princesa e nem todo menino é obrigado a saber o que é o spiderman. Parece uma imposição da sociedade: é menina? Princesas da Disney e tudo cor de rosa. É menino? Azul bebê, tudo com ursinhos e pompons e quando ele fizer dois anos, vamos introduzir na vida dele os super heróis, pra garantir a sua masculinidade! Yeaaaaahhhh
Socorro…
Minha filha usa pouquíssimo rosa, não tem NADA de nenhum personagem. Ela vai descobrir seus gostos.
Meu filho adora Beatles Cartoon, Turma da Mônica, Jake e os piratas e Thomas and Friends. As cores que ele mais gosta são amarelo, verde e vermelho. Não pressionei nada. Tudo aconteceu naturalmente. Ele não faz ideia do que seja homem aranha, superman, batman, ben 10, angry birds, etc. Acho tudo muito violento pra uma criança tão pequena.
Coitados dos pais cuja figura masculina é motivo de piada como se fossem meros doadores de esperma. E os comentários das suas companheiras nas redes sociais ridicularizando os pais dos seus filhos.
As mães que são rotuladas como se fossem escravas de seus filhos e suas rotinas se limitassem a alimentar, dar banho, vestir, educar, desfraldar, desenchupetar, tirar foto pra mostrar pra família e reclamar da vida que tem pras amigas. Mãe também brinca com os filhos. E brinca muito! E o que talvez alguns autores de texto não saibam é que algumas mães curtem de verdade brincar com as crianças.
E as listas do “as X coisas que…” me faz me sentir cada vez menos parte do mundo. Eu sou única. Não sou igual a ninguém. Não vou reagir como ninguém. Não sou obrigada a concordar com as listas e sinceramente detesto quando me marcam nessas listas nos posts do facebook. As listas não são engraçadas e são completamente inúteis.
A única lista que eu achei minimamente interessante era sobre etiqueta para visitar um recém nascido. Não usar perfume. lavar as mãos, perguntar se pode pegar a criança, respeitar o horários de sono da mãe e bebê, evitar os primeiros dias… Mas era preciso uma lista dessas? Um pouco de bom senso seria o suficiente, não? E como nada é perfeito, um dos itens dessa lista era “não presentear a mãe com chocolates… porque ela estará preocupada com sua forma física e queira perder peso”.
Cara, eu juro que minha vontade era de dar dois tapas no/na imbecil que escreveu isso.
Em primeiro lugar, se a mãe quiser comer chocolate, ela come. A razão para uma pessoa normal não querer comer seria a amamentação. Mas eu já falei aqui em outros posts sobre isso e não é proibido. É de se evitar nos primeiros dias, mas são nos primeiros DIAS e não nos primeiros meses. Eu comi e a Liv tinha 15 dias. Não quis nem saber! Mandei pra dentro um panetone de chocolate trufado da Cacau Show que meus pais trouxeram e me esbaldei. E Liv passou bem. Digo, ela tinha altas cólicas, mas isso não era culpa do chocolate, porque desde que nasceu ela sofria imenso com as dores.
Eu sei que muitos dos textos são traduzidos de outros na internet. Acontece que eu também subscrevi os feeds de uma das fontes e adivinha! Eles publicam muito mais temas interessantes a serem partilhados dentro do universo da maternidade.
Portanto, no que diz respeito a maternidade/parenting, sugiro menos internet e mais vida real. Ler é bom. Se informar é bom. Rir é bom. Conhecer psicologia infantil é muito bom. Mas seguir a cartilha da classe media caucasiana, onde todos têm que se sentir assim ou assado para “fazer parte”… Poupem-me.