Desde que conhecemos a capital da terra da rainha, em 2011, ficamos apaixonados e de alguma forma nos identificamos com a cidade e com as pessoas. Quando voltamos da primeira viagem descobri que estava grávida e quando soube que teríamos um menino pensamos muito num nome que se encaixasse nas três culturas: brasileira, portuguesa e britânica, afinal, ficamos com aquela pontinha de desejo de um dia morar no Reino Unido. Mas independente disso, não queríamos que nosso filho tivesse dificuldade de falar o nome ou ser entendido quando tivesse que se apresentar.
Pensamos muito e, além das regras que eu tinha estabelecido pra mim mesma (proibido nome de
apóstolo, ou de parentes ou amigos próximos, ou nome composto ou “no plural” – não me perguntem o porque, cada um tem uma regra pra escolher nome dos filhos, as minhas eram essas), estabelecemos que ele não poderia ter dificuldade de falar o próprio nome. Então, aproveitando a influência da lua de mel em terras da rainha, pensamos num rei emblemático e daí surgiu o nosso Arthur.
Para a nossa filha foi a mesma coisa. Regras estabelecidas e tinha que ser um nome que ela não tivesse dificuldade de se apresentar em nenhum lugar. E fiquei imaginando a minha bebê e o nome perfeito para ela. E depois de uma overdose de séries, como House, Scandal, Law & Order SVU, começou a me soar tão bem um nome repetido em todas estas. Ok, em House era o nome da atriz: Olivia. Liv. Livvy.
Perfeito.
Parece exagerado, mas apesar de eu ter um nome bem simples, sofri muito a vida inteira e queria poupar meus filhos desta irritação e passo a explicar.
Meu nome é Caroline. Sim, com E ao final. Mas o tempo todo fui confundida por CarolinA. E não eram só as pessoas que trocavam o meu nome! Isso acontecia onde não devia acontecer: na ficha de chamada da escola, quando tirei minha primeira carteira de identidade (sim, o Instituto Félix Pacheco errou o meu nome), quando veio meu álbum de casamento (sim, apesar de fotos lindas, o meu álbum veio na primeira capa com o nome dos noivos… um era o meu marido, e a outra era uma tal de Carolina), no trabalho (quando respondiam-me os e-mails e todo dia alguém começava mal escrevendo “Bom dia, Carolina“… E a minha resposta mental era: Meu dia estava bom até ver que você errou meu nome porque não se deu ao menor trabalho de ler quem é o remetente!!!).
Em Portugal também sofri bastante, porque lá existe uma regra que limita o nome das pessoas a uma lista pré-autorizada (e é por isso que existem tantos Manuel, Vasco Joaquim, Paulo, José, Nuno…), e Caroline faz parte da lista dos não-autorizados. Então todos me chamavam por Carolina ou “Carolaine”. Aderi ao “Carolaine” porque me faz mais feliz do que toda hora ouvir o meu nome errado. Mas sempre preferi “Carol”, pra evitar essa confusão.
Agora, em terras da rainha, por algumas vezes tive que dizer o meu nome. E posso garantir que é uma sensação maravilhosa falar o meu nome (logicamente com a pronúncia britânica) e não haver dúvidas sobre como se escreve. Não preciso reforçar que é com E ao final, não preciso olhar de rabo de olho o que foi escrito pra ter a certeza que a pessoa anotou certo. Finalmente eu sou Caroline. O meu nome certo. Caroline. Eu.
O mais engraçado é que comecei a escrever este post ontem, mas ainda estava na dúvida se ia publicar ou se ficaria apenas guardado como rascunho (tenho uns quantos, afinal, eu desabafo escrevendo, mas as vezes acabo desabafando demais num texto e resolvo não publicar), e eis que trocando comentários no facebook com uma pessoa que eu gosto muito (mas que não faz ideia de que tenho um blog), me veio a motivação final pra clicar em “publish”.
E termino este post com a evidência de que eu não estou exagerando quando digo que constantemente erram o meu nome…

Caroline rsrsrsr!! E como se eles escolhessem o nome que vc deve dar ao seu filho,nessa lista não tem o nome de ninguém da minha casa.Isabel,Paulo,Thiago,Daniel e Isabelle,ou seja, vão chamar todos os nossos nomes de forma diferente do que seria o certo…LOL
🙂 Não é bem escolher por nós, mas é pra evitar nomes esquisitos e garantir que a grafia tradicional da língua se mantenha.
Isabel, Paulo e Daniel tem aos montes em Portugal! Thiago tem que ser sem o H. E Isabelle ou vai virar Isabela ou vão lhe dar um sotaque engraçado LOL
Ok. Mas se a pessoa tiver dupla nacionalidade, pode dar o nome que quiser aos filhos, mesmo que não conste na lista, como foi o meu caso. E nós nem estávamos informados disso. Na hora do registo da bebé, ainda no hospital, o funcionário perguntou:”Algum dos pais possui outra nacionalidade além de portuguesa? É que se sim podem dar nomes fora da lista”. Nem queríamos nenhum nome muito diferente. Ela é Victória. Sem essa permissa teria que ter ficado Vitoria.
Sim, Dany! Sem dúvida! Por isso consegui registrar o meu filho como Arthur e minha filha como Olivia (sem o acento).
E como sou brasileira, não precisei provar que o nome deles assim escrito é comum no Brasil, mas já soube de casos em que algumas pessoas de Cabo Verde tiveram que provar que o nome que queriam colocar nos filhos era comum na cultura caboverdeana.
Há e encontrei ontem o seu blog e estou a gostar. Fiquei triste pelo seu Cão. Eu perdi o meu ( faleceu) em abril, depois de 10 anos comigo. Estou bem triste por isso …
Olá, estou pesquisando muito sobre Lisboa, e achei muito interessante e informativo o seu blog, e eis q me deparo com este post, achei hilário e me idêntifico muito com drama relatado em relação ao nome. Também me chamo Caroline, e o pior você ainda não passou, e ser chamada de Carolina pela própria mãe, que não errou o nome na hora do registro, muito pelo contrário fez uma homenagem a uma bisavó que também era Caroline, e não contente meu pai (já falecido) também me chamava de Carolina. Tenho certeza q por esta você não esperava. Kkkkk bjs