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Retornar a Portugal

Resumo para quem chegou agora aqui pelo BanhoDeChuva: prazer, me chamo Carol, casei em 2006, fugimos da violência carioca em 2008, destino Lisboa, criei esse blog, tivemos um cão, dois filhos, perdemos o cão, em 2015 fomos pra Manchester, deu tudo errado, em 2016 voltamos pro Rio, arrependimento imenso, em 2017 tentamos fixar raízes em Curitiba e o coração não sossegou até voltarmos para o lugar que mais amamos no mundo no final de 2019.

Mas por que, Carol?

É… gostaria de ter mais dificuldade em responder isso, mas foram tantas motivações que até me assusto ao me dar por isto. Enumero abaixo as razões que se acumularam, não que elas tenham acontecido exatamente nesta ordem:

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Matricular os filhos em Portugal

Vou explicar aqui como faz a matrícula da sua criança em período de escolaridade obrigatória, bem como a equivalência das habilitações.

Primeiro, você precisa de uma dose de paciência, tanto com a burocracia no Brasil como na dificuldade de conseguir vaga em Portugal. Com a dose de paciência reforçada, vamos ao que fazer em cada lugar.

Antes disso tenha em mente que o ano letivo no Brasil começa em Fevereiro ou Março e termina em Dezembro e em Portugal começa em Setembro e termina em Junho.

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Dá pra imigrar sem “documento”?

Desculpem a ausência, mas tem sido intenso na vida real.

Como sabem, não moro em Portugal desde 2015, voltei ao Brasil em 2016 e em 2017 mudei-me para Curitiba, PR. Já não estou a par em detalhes sobre o custo de vida em Portugal e por isso tem sido difícil responder a todos os e-mails que recebo, porque preciso fazer pesquisas pra dar uma resposta mais acurada Continue a ler Dá pra imigrar sem “documento”?

“Vou para Portugal porque as leis trabalhistas aqui ficaram ruins”

Pessoal, tenho lido isso em alguns comentários no facebook, de amigos, de conhecidos, em posts de artigos ou aqueles “prints” que fazem e compartilham.

O que me fez aqui adiantar o assunto foi uma pessoa que comentou no post de uma amiga “quero um avô português para me dar cidadania e eu ir embora para Portugal”.

Primeiro: pelo avô é nacionalidade, não cidadania. Continue a ler “Vou para Portugal porque as leis trabalhistas aqui ficaram ruins”

Morar em Portugal: vale a pena?

Depois de mais de um ano afastada dos posts, por motivos de desmotivação maior – já vos conto do meu novo paradeiro e porque decidi fazer essa mudança – e com mais de 200 e-mails, sem exagero, com eufemismo, pra responder (recebidos no canal “Fala que eu te escuto”), acho que esse post pode ajudar a esclarecer a maioria das dúvidas que me são enviadas: Continue a ler Morar em Portugal: vale a pena?

Sem comunicação

Leitores queridos que estão a espera de de uma resposta: Não esqueci de vocês, mas o Windows 10 esta fazendo um complô.
Meu computador nao inicializa e eu definitivamente não consigo escrever como gostaria pelo celular/telemovel.
Peço desculpas sinceras pelo tempo que estão a espera de um sinal de vida meu. Mas pode ser que demore mais uns dias.
Entretanto, se alguém tiver feito upgrade pro Windows 10, tenham em atenção ao arquivo mfewfpk.sys e, até onde li em fóruns, esta relacionado com o Windows Defender.
Ele é o motivo da minha dor de cabeça.

10 itens para pensar antes de fazer as malas

Enquanto estamos na incerteza do nosso futuro me ocupo fazendo planos, estudando viabilidades e possibilidades.
Pelas regras da União Europeia podemos viver em qualquer país que faça parte do acordo do Free Movement Right, mas isso não significa que é apontar o dedo no mapa e colocar o pé na estrada. Existe uma lista de coisas que tem que ser levada em consideração antes de fazer um movimento.

Por exemplo, como eu não tenho nacionalidade europeia, mas meu marido sim, ele tem que primeiro ter um emprego para que eu peça a autorização de residência. E para eu pedir a autorização de residência, tenho que preencher alguns pré-requisitos que variam de país para país.

E além desse pequeno importantíssimo detalhe, existe uma série de coisas que se deve pesquisar antes de decidir mudar de país. Como estamos neste ritmo de ter que estar preparado para onde o vento nos levar, já faço pesquisas de coisas específicas, e certamente não são iguais para todos os países do território da UE.

Não vou fazer a pesquisa pra todos e colocar mastigadinho aqui, porque é impossível fazer isso sem estar no lugar e confirmar se é isso mesmo (nada me irrita mais que informação incorreta). Mas vou deixar aqui um check list pra que você faça a pesquisa no país que te interessar, caso esteja nos seus planos uma mudança.

  1. Moradia: pesquise primeiro por “melhores regiões para se morar em (…)” e a partir daí pesquisa “renting in (…)” e veja o tipo de habitação disponível. Apartamentos, casas flats, mobiliado, não mobiliado, distância do centro/local de trabalho, acesso a transportes.
  2. Condições para alugar: é preciso fiador? Aceita-se carta de recomendação do senhorio anterior? Carta do trabalho confirmando que tem emprego? Contrato de trabalho? Comprovativo do Imposto de Renda?
  3. Custos associados a moradia: no Rio de Janeiro temos o fatídico condomínio, que é um valor alto no custo de moradia. E também paga-se o IPTU fracionado. Em Portugal não há condomínio para quem aluga (geralmente é super baratinho e já está embutido no aluguel) e o IMI é por conta do proprietário. Na Inglaterra paga-se o city council, que é um imposto para quem está habitando o imóvel. Nele está incluído a taxa de coleta do lixo, limpeza da rua, iluminação pública. Além disso paga-se também a taxa de TV, que é um valor anual para quem tem TV em casa.
    Resumindo: pesquisar se tem custo de condomínio, imposto de moradia, taxa de moradia, taxa de coleta de lixo, taxa de TV.
  4. Transporte: carro ou transporte público? Dependendo da cidade que pretende morar, ou da distância da sua futura casa para a cidade/local de trabalho, tens que saber de antemão a melhor forma de locomoção e os custos associados a isso. Em Lisboa eu usava muito transporte público, mas também tínhamos carro. O seguro em Portugal é barato em comparação a média da UE (mas alto em comparação com o salário mínimo português), o valor do carro não é uma pechicha, mas é mais barato que no Brasil, mais caro que no UK. O seguro no UK é absurdo nos primeiros anos, mas não baixa das £500 mesmo depois de anos de bom histórico. Os transportes públicos em Lisboa nos levavam a todos os lados (além de serem excelentes – e há quem reclame!), em Londres eu nem senti falta de carro quando estive a passeio e morando em Manchester só senti falta do carro uma ou duas vezes. Faça uma pesquisa no google maps sobre a distância de lugares de interesse (escola, mercado, cinema, trabalho, hospitais, etc) e tente identificar a melhor opção pra transporte e o que cabe dentro do orçamento.
  5. Saúde: pública ou privada? O que o país oferece? No UK toda a saúde é pública, basta residir legalmente para se inscrever num centro de saúde, e a dedicação às crianças menores de 5 anos é algo fora do comum; Em Portugal existem as duas vertentes e os seguros de saúde não são tão caros, depende do que cabe no seu bolso e do que vc considera plausível. Na Irlanda toda a saúde é privada, mas vc tem que pagar um seguro de saúde obrigatório pra usar o seguro de saúde.
  6. Acesso a medicamentos: No UK até pra comprar anticoncepcional é necessário apresentar prescrição médica (emitida pelo NHS). Meu marido tem que tomar Levotiroxina Sódica todos os dias, pro resto da vida (por causa do câncer da tiróide) e aqui não vendem sem prescrição, mesmo sendo um medicamento inofensivo. Outros remédios como paracetamol, ibuprofeno vende-se até no supermercado, nas prateleiras. Em Portugal é mais fácil pra algumas coisas (anticoncepcional eu sempre comprei sem prescrição), mas alguns é mais restrito. No Brasil só tarja preta e alguns tarja vermelha precisa de receita. Então, se você usa anticoncepcional, é melhor se informar antes e, se for o caso, levar uma reserva com você, porque nem sempre medicamentos passam pelo controle postal. Por via das dúvidas, prepare um kit de primeiros socorros.
  7. Educação infantil: tem crianças? Qual a idade? Procure saber qual é a idade do ensino obrigatório. Em Portugal é aos 6 anos, no UK é aos 4 anos (inclusive tem fiscalização em cima). Se informe sobre quando tem que fazer a inscrição nas escolas, se tem custos, qual o critério pra inscrição em determinada instituição, a data limite para inscrição, etc. Lembre-se que no hemisfério norte o ano letivo começa em Setembro e termina em Julho do ano seguinte.
  8. Telecomunicações: preço dos serviços móveis, qual a melhor operadora, se é CDMA ou GSM (na Europa quase não tem mais CDMA, mas nos EUA ainda existe com uma certa força), o melhor tarifário, o custo dos serviços fixos (TV+Fone+Net), período de fidelização e respectiva multa rescisória, etc.
  9. Frete da mudança: se a casa não tiver mobília, compensa trazer a sua? Alguns países da Europa tem uma rede de mobiliário e decoração chamada IKEA. Relacione o que você levaria na mudança, veja o preço do mesmo no IKEA e faça as contas. Vale mais a pena vender o que se tem e comprar de novo? O frete + valor já investido em itens de casa (e as miudezas, porque no final o valor de itens de cama mesa e banho e utensílios de cozinha fica sempre maior do que imaginamos) compensa?
  10. Despesas de mercado. Vá ao google, pesquise os principais supermercados da cidade que vc vai mudar, entra no site deles e simule uma compra de semana. Alguns não tem loja online, mas tem o folheto de promoções. Faça uma lista e vá anotando. Eu uso o excel, coloco uma coluna com a moeda local, procuro a cotação no google , faço conversão e comparo com o meu custo atual. É um exercício não muito preciso (porque sempre tem as promoções, produtos que passamos a conhecer e as adaptações alimentares que são inevitáveis), mas dá pra se ter uma noção do impacto que a alimentação terá no orçamento.

Planejar com calma. Esse é o segredo para que sua mudança seja um sucesso. Levei dois anos pra colocar em prática a mudança do Rio para Lisboa. Era tanta gente preocupada com o que estávamos fazendo que até quando fui conversar com meu gerente na época, sobre a minha demissão, ele ficou preocupado em eu estar metendo os pés pelas mãos e me fez uma série de perguntas. Mas para alívio dele, eu tinha todas as respostas na ponta da língua. Faltava a bola de cristal pra saber o que nos esperava, mas preparada pra enfrentar o que viesse, com certeza eu estava.