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Por que Manchester?

Quando decidimos sair de Lisboa e começar tudo de novo nas terras da Rainha as pessoas nos perguntavam o porque de não irmos para Londres.

Essa é fácil de responder! Já viram o preço de um aluguel na capital? Nem nos arredores a coisa melhora. Por exemplo:

Zoopla, 16/05/2015 To rent, in Luton
Zoopla, 16/05/2015
To rent, in Luton
Zoopla, 16/08/2015 To rent, in London
Zoopla, 16/08/2015
To rent, in London

Lembrando que Kensington é no centro de Londres, mas não tão perto de Westminster ou Waterloo. É uma zona excelente, portanto, está até barato este imóvel. Luton é onde fica um dos aeroportos londrinos, mas fica a uma hora de distância, de carro.

Bem, depois de respondido o motivo de não irmos para Londres (que foi bem aceite e até pensaram “eles não estão tão malucos assim”), vinha a pergunta: Por que Manchester?

Veja bem, eu AMO Londres e é a cidade mais perfeita do mundo, na minha opinião. Mas isso não quer dizer que seja a melhor cidade para viver.

É a segunda maior cidade (apesar de haver controvérsias entre os britons sobre isso) e está em pleno desenvolvimento. Mas em vez de ser eu a dizer o porquê, vou traduzir um texto publicado em 14/08/2015, na seção Travel do Telegraph, em que um Mancunian (gentílico de Manchester) explica porque Manchester é melhor que Londres.

O ponto de vista do autor aborda a cidade em todos os aspectos: moradia e turismo.
Então, se você tem alguma curiosidade sobre a vida Manc, vale a pena a leitura.

Confira o texto original aqui.

Porque Manchester é melhor que Londres
por Alain Tolhurst

Pegando o ônibus 42 pela Curry Mile que se vira a Oxford Road, a cúpula da recém reformada (ao custo de 170 milhõe de libras) Biblioteca Central iminente a diante, me faz lembrar porque Manchester sempre vai ser minha casa – embora eu tenha deixado o Norte há 3 anos e fui viver em Londres.

São as pessoas. Nas ruas a seguir, é o inimitável orgulho emproado que separa os Mancunians. Sabemos que Manchester é excelente, mas não tentamos transformá-la nisso, apenas aconteceu. Existe uma confiança despreocupada nas pessoas da cidade, um contraste evidente do eforço descomunal e envaidecido de Londres em constantemente ser superlativa.

Não somos condescendentes como a capital – não temos pena e auxiliamos aqueles que vêm dos condados por desaguarem nas nossas margens como os londrinos fazem, nós abraçamos os nossos condados.

E é essa mistura de simpatia e conforto irrevogável em nós mesmos que nos torna tão pé no chão e capaz de conversar com qualquer pessoa que encontremos, fazer uma piada e zombar a nossa própria língua – e exatamente isso que faz este lugar tão divertido.

Acrescento a isso o aluguel do meu apartamento de um quarto a norte de Londres que paga uma casa de 3 quartos aqui em cima – com a imensurável beleza do Lake District a apenas uma hora dali. Mas existe muito mais apelo em Manchester do que seus residentes e residências – e começa com a fundação da primeira cidade moderna do mundo, que Benjamin Disraeli definiu como “um grande feito da humanidade como Atenas”.

Porque Manchester não foi apenas o berço da Revolução Industrial. Desde que construímos o Ship Canal perto de 1890, ignorando as necessidades dos nossos velhos amigos de Merseyside e seus altos impostos sobre em negócios, a cidade sempre esteve às voltas do comércio, e o espírito empreendedor ainda é visível hoje.

Berço da primeira estação de trem para passageiros, a primeira biblioteca pública, primeira reunião do congresso da Trade Union, e berço do vegetarianismo moderno e o movimento cooperativista. 

É também onde começou o direito do voto feminino, onde Rutherford dividiu o átomo, onde Turing construiu o primeiro computador, onde as ligas de futebol foram fundadas, onde Rolls encontrou Royce, Marx encontrou Engels.

E mais recentemente: os irmãos Gallagher, a Haçienda, o pé esquerdo de Ryan Giggs, e eu poderia continuar a elencar o dia inteiro. Mas a verdade é que Manchester não é só história – tem grandes planos para o futuro, maiores que os de Londres.

Quando a indústria da região entrou em colapso, Manchester começou a se reinventar tornando-se uma cidade próspera em cultura e esporte – nem mesmo a bomba que o IRA arrebentou seu coração em 1996 o seu progresso foi interrompido. E continua até os dias de hoje com ou sem a promessa do George Osbourne de ajudar a criar uma “potência do norte”.

Pegue como exemplo o Free Trade Hall – construído no lugar do massacre de Peterloo de 1819, em comemoração da Corn Laws que foi revogada, foi bombardeada durante a Manchester Blitz. Reconstruída como uma central de eventos musicais, foi lá que um Manc chamou Bob Dylan de “judas” em 1966, e uma década depois foi palco do show do Sex Pistols que mudou o mundo, inspirando os homens que viriam a fundar o The Smiths, Joy Division e o The Fall. É hoje um hotel considerado como Grau II.

No geral, não se pode dizer que Manchester é uma cidade bonita, mas tem um estiilo e um entusiasmo mantido ao longo da sua transformação, com suas fábricas Vitorianas, bares ao lado do canal na Gay Village e o monumento de vidro como a Beetham Tower, existindo confortavelmente lado a lado.

Uma vez que o calcanhar de Aquiles da cidade – a escasses de restaurantes finos – não é mais um problema, já que recebeu top chefs como Simon Rogan, que está abrindo seu premiado restaurante (Rogan’s The French fecha este mês para reforma e expansão).

E culturalmente, a bienal Manchester Arts Festival corresponde a qualquer coisa no Reino Unido, e em seguida há inúmeras galerias, grandes e pequenas, museus da guerra, ciência, futebol, luta de classes, transportes e o LS Lowry, que abriga teatros e espetáculos musicais como o Bridgewater Hall e o projeto Out House, que é um projeto de arte de rua em constante evolução no lado norte da cidade.

Não há armadilhas para turistas aqui ou edifícios em ruínas preservados em formol – é uma cidade que está viva, evoluindo organicamente. 

Eu sei porque já vi eu mesmo caminhar pela extensão de Manchester várias vezes. Uma cidade que tem de tudo (exceto praia como Ian Brown notoriamente já observou), mas ainda assim pode ser facilmente percorrida a pé e cheio de felicidade. 

E não se preocupe em ficar encharcado se vier experimentar por você mesmo, porque quase nunca chove.

§

Como assim????

O dia de hoje estava meio cinzento, mas extremamente abafado. Não dava vontade de fazer nada, a não ser ficar no sofá, em frente ao ventilador, vendo televisão… Mas tínhamos que ir ao mercado.
Aproveitamos para colocar o carro pra lavar (para quem quiser saber, 20€ a lavagem completa), e fomos dar uma voltinha pra fazer hora. Passamos na FNAC, procurei o tal fone pro meu celular (jack 2.5mm com mic), mas pra variar, só tem 3.5mm. Desisti e fui dar um “rolezinho” pelas câmeras fotográficas. Um amigo no trabalho tem uma Canon profissional, toda xpto, e eu brinquei com ela ontem e fiquei apaixonada! Então fui sondar o preço.

Então estava eu ali olhando as câmeras e tinha um senhor (refiro-me respeitosamente, pois deveria ter uns 45 anos, não era tão senhor assim) que também estava ali vendo preços e tal. A filha dele veio atrás. Devia ter uns 13 anos de idade. Por um instante eu achei que não fosse filha, que fosse uma irmã muuuito mais nova, ou apenas uma menina maluca perdida por ali, sei lá, mas como ela o chamou de “pai”, a dúvida desfez-se.

Voltando à história. Então o tal senhor pegou numa câmera sei lá das quantas e disse “humm, esta é mesmo boa”. Eis que a garota fala assim: “que estupidez, não sei pra que quer uma coisas dessas”. O tom da menina foi tão indelicado que vocês não têm noção. O pai não disse nada. A menina ainda continuou: “não percebes nada disto, não perca seu tempo vendo parvoíces”. E o pai continuou calado. Aí a menina começou a olhar as outras câmeras e pegou numa e disse “ah, essa é igual da minha amiga, essa sim é boa! veja aqui se não é boa! é sim, é sim! ela tem uma dessas”.

Claro que eu não estou citando ao pé da letra o que ela disse, meu cérebro filtrou metade dos insultos que ela disse ao pai… E ele ainda assim não disse nada.

Pra terem uma ideia do “tom” da menina, lembram do filme “Love Actually” (“Simplesmente amor” no Brasil e “O amor acontece” em Portugal”)? No final do filme, quando o personagem do Colin Firth vai na comunidade portuguesa procurar a Aurélia (Lúcia Moniz), e o pai da Aurélia abre a porta, o Colin Firth diz que quer casar com a filha dele,  e ele chama a outra filha encalhada? Lembram como a mulher responde ao pai? É exatamente assim que essa menina da FNAC falou. Nesse tom.  Péssimo, não?

Saí de perto, porque a minha vontade era de dizer ao pai “se fosse eu assim falando com meu pai, já teria levado uns tapas na boca”, mas como estou mais tuga que outra coisa, evitei colocar pra fora o meu lado contestador. Fui ver então as novidades do PS3, ver preço do PS Move, e depois de uns 5 minutos vem a mesma menina pra perto de onde eu estava… mas agora com a mãe.

A mãe tava vendo não sei o que pra não sei quem, e a menina disse: “não compres isso! mais vale comprar dois desse aqui pra mim!”.

Eu nem olhei o que era, mas me irritou tanto… Eu saí de perto de novo, mas fiquei tão incomodada com esse tipo de comportamento!!! Nem me refiro somente ao da filha, mas ao dos pais que não colocam a miúda no lugar dela!! Como assim??? Minha filha me chama de estúpido, é fútil ao ponto de achar que o que a amiguinha tem é bom, e ainda por cima é egoísta??? E eu não faço nada??? Ui… ai, se fosse comigo…

Depois disso eu e meu marido tivemos uma longa conversa sobre filhos, criação e como lidaríamos com uma situação dessas. Acho que seremos bons pais. Não partiríamos pra violência, mas sim pra consciência da criança. Nossa esperança sincera é que nossos filhos não cheguem a esse ponto, e tenham respeito pelos pais e não seja fútil ao ponto de querer ter algo só porque alguém na escola também tem.

Meu objetivo com esse post é fazer um protesto aos pais: Quem ama diz não, quem ama educa. Provem que amam os filhos e lhes dê educação!!!