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Primeira missa… em Inglês

Apesar de ser católica e me considerar muito devota da minha fé, tenho que confessar que desde que saí do Brasil fui pouquíssimas vezes à missa. Não sei dizer o motivo, mas das poucas vezes que fui à Igreja em Portugal, me sentia desconfortável, como se eu fosse um bicho esquisito entrando ali. Moça jovem, igreja cheia de velhinhos, ninguém nunca tinha me visto e me olhavam com uma cara…

Eu, na casa de Deus, e sendo apontada? E as velhinhas beatas se sentindo donas da paróquia, puxando saco do santo Padre…

Mesmo morando em Lisboa acho que fui mais vezes à missa em Fátima. É um lugar de paz, cheio de energia boa. Recomendo pra qualquer pessoa de qualquer fé, mesmo que não a católica. Os jardins atrás do templo são mesmo uma paz.

Chegando em Manchester, descobrimos que nosso filho tem prioridade em algumas escolas católicas por ter sido batizado. E são geralmente as melhores escolas públicas. Então eu não me sinto confortável em colocar meu filho numa escola católica que fica a 6 minutos a pé da minha casa e não frequentar a igreja, que fica do lado da escola.

Então hoje fui eu, para a minha primeira missa em inglês. ourladyofdolours
Por estar super enferrujada na Liturgia, e não fazer ideia de onde estamos no calendário litúrgico, eu me perdi na missa. Não sabia mais muita coisa. Tentei forçar a minha cabeça pra associar os ritos, a consagração do Corpo de Cristo, etc. Consegui um pouco, e acompanhei a missa com as “falas” em português. Bem, Deus não se importa, afinal, é Deus, né?

Vou pesquisar a liturgia em inglês e em português, fazer uma “colinha” e levar pra próxima missa, assim eu interajo mais.

Mas isso é o de menos. Meu coração estava lá, e eu me senti tão bem, mas tão bem, que fiquei triste quando a missa acabou.

O Padre com semblante tão de paz, as poucas 15 pessoas que estavam lá assistindo a missa também tinham um ar de paz.

Não comunguei porque não estou apta. Anos sem ir a missa e ainda no direito de receber o Corpo de Cristo? Minha consciência não permite. Na verdade lembrei da minha avó me olhando na missa como quem perguntava “está devidamente preparada?”. Por isso, preciso me confessar primeiro.

Pra muitos não faz sentido isso, mas foi a educação que eu recebi.

A comunhão aqui não é somente o Corpo de Cristo, mas também o “sangue”. E eu fiquei boba ao ver que TODOS na igreja bebiam da mesma taça. Tinha lá um paninho pra limpar a parte em que a pessoa anterior encostou, mas jura? Todo mundo ali metendo a boca no mesmo cálice? Será que é obrigado a receber o sangue? Fiquei curiosa mas ao mesmo tempo achei meio anti-higiênico…

Pra além de ter me sentido em paz e confusa com a partilha do vinho, achei bem interessante as leituras e a homilia.

A primeira leitura foi do livro de Rute, de quando ela saiu de Judá com o marido e filhos, e quando depois de viúva e de ter perdido seus filhos, foi morar com a nora em Belém.
A segunda leitura foi de um salmo que diz: ” o Senhor ama aquele que é justo. É o Senhor quem protege o estrangeiro.”

E o Evangelho falou sobre quando peguntaram a Jesus qual o maior mandamento.

Na Homilia o Padre falou genericamente sobre isso e ressaltou os dois grandes mandamentos, dizendo pra esquecer o antigo testamento. Agora temos que concentrar no que o novo testamento diz.

E nas preces da comunidade, ele não leu nada em lugar nenhum. Pediu que as pessoas dissessem em voz alta suas preces ou caso quisessem, que fizessem suas preces silenciosas. Fiz umas 15, pode?
Quando as duas senhoras falaram as preces, o Padre complementou com outra. Pediu que todos lembrassem do mandamento “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Usou a palavra “vizinho” no lugar de próximo, e ressaltou quem são os vizinhos: as pessoas que passam por nós na rua, os enfermos, as pessoas que estão a procura de emprego, os imigrantes que tentam uma vida melhor, as pessoas que não tem onde morar.

Na situação de recém imigrante na Inglaterra, onde um mundo de dúvidas e incertezas bate à nossa porta, ouvir estas palavras num ambiente de paz… fez toda a diferença no meu coração.
E que seja feita a vontade de Deus. E que o Senhor proteja os estrangeiros.

Mais um ano!

Hoje acordei cedo devido à infeliz força do hábito… Essa história de acordar cedo todos os dias acaba com meus planos de ficar na cama até ao meio dia aos finais de semana. Isso não quer dizer que eu não fique de preguiça, é claro rsrs

Mas como meu marido continuava na cama, fiquei ali ao lado dele mais um pouquinho, e fiquei olhando pra ele dormindo… e lembrei de tudo o que já passamos e conquistamos aqui em terras lusas e também do que as pessoas que deixamos lá em terra brasilis passaram durante esses 3 reveillóns que estamos longe. Fiquei espantada com o tanto de mudanças que aconteceram na vida de tanta gente: parentes que mudaram de cidade; amigos que casaram; amigos que se separaram; amigos que estão se separando; amigos que tiveram filhos; amigos que vão ter filhos; amigos que trocaram de emprego; pessoas queridas que perderam entes queridos; pessoas que eu amo reconstruindo a vida…

A sábia frase de Cazuza nunca fez tanto sentido pra mim: O tempo não para.

2010 foi um ano muito bom, quase perfeito. Tudo o que eu desejei para 2010 se realizou: casa nova, emprego novo, marido com emprego melhor, nossa família nos visitou, a Luka entrou  nas nossas vidas, tivemos saúde e paz e muita felicidade.

Agora eu tenho mais 365 dias pra colocar meus planos em prática e realizar os meus sonhos. Não faço planos a longo prazo, porque aprendi que  na minha vida isso não funciona. Quando eu casei, há 4 anos, não fazia ideia que estaria hoje em Portugal, e 4 anos eu considero médio prazo rs, imagine fazer planos pra 10 anos!

Eu sonho a longo prazo. Me imagino daqui a 5 anos com meu curso de gastronomia,  já com dois filhos, numa casa maior, com uma situação financeira segura, que nos permita nos dar ao prazer de viajar pra fora pelo menos uma vez ao ano. Mas não sonho e fico de braços cruzados, esperando cair do céu. Trabalho muito e vou me dedicar para conseguir realizar tudo e mais alguma coisa. É claro que se a euromilhões sair pra gente eu não ficarei chateada 🙂
E mesmo tirando o primeiro prémio, não vou ter vida de dondoca, simplesmente porque não consigo. Vou arrumar alguma sarna pra me coçar, tenho duas ideias de projetos beneficentes para ocupar a mente e ainda tenho o sonho de fazer um bar temático para introduzir na vida lisboeta o conceito carioca de happy hour.

Os pedidos que fiz na hora da virada (meu momento de conspirar com o universo) são secretos, mas nada que não seja realizável, eu só planejo coisas possíveis, e quem me conhece já deve saber o que eu planejo e desejo para 2011.

Pra já, o meu desejo público é que todos que estão na minha vida e os que passam por aqui (pq de certa forma participam da minha vida) tenham sonhos, tenham fé naquilo que desejam e façam com que 2011 seja um ano maravilhosamente inesquecível.

Feliz 2011, pessoal!

Grande beijo!