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Dá pra imigrar sem “documento”?

Desculpem a ausência, mas tem sido intenso na vida real.

Como sabem, não moro em Portugal desde 2015, voltei ao Brasil em 2016 e em 2017 mudei-me para Curitiba, PR. Já não estou a par em detalhes sobre o custo de vida em Portugal e por isso tem sido difícil responder a todos os e-mails que recebo, porque preciso fazer pesquisas pra dar uma resposta mais acurada Continue a ler Dá pra imigrar sem “documento”?

“Vou para Portugal porque as leis trabalhistas aqui ficaram ruins”

Pessoal, tenho lido isso em alguns comentários no facebook, de amigos, de conhecidos, em posts de artigos ou aqueles “prints” que fazem e compartilham.

O que me fez aqui adiantar o assunto foi uma pessoa que comentou no post de uma amiga “quero um avô português para me dar cidadania e eu ir embora para Portugal”.

Primeiro: pelo avô é nacionalidade, não cidadania. Continue a ler “Vou para Portugal porque as leis trabalhistas aqui ficaram ruins”

Morar em Portugal: vale a pena?

Depois de mais de um ano afastada dos posts, por motivos de desmotivação maior – já vos conto do meu novo paradeiro e porque decidi fazer essa mudança – e com mais de 200 e-mails, sem exagero, com eufemismo, pra responder (recebidos no canal “Fala que eu te escuto”), acho que esse post pode ajudar a esclarecer a maioria das dúvidas que me são enviadas: Continue a ler Morar em Portugal: vale a pena?

Falando em realidade: Portugal e salários nos dias de hoje

Uma das maiores diferenças entre Brasil e Portugal é o nível de inteligência da discussão política.
Antes que você ache que este post é uma chatice, pense que enquanto uma sociedade levar a política na brincadeira não há como ter políticos que levem o país a sério.

Existe um programa que gostávamos de assistir na Sic Notícias, que se chama Eixo do Mal.

É uma mesa quadrada (em ironia às mesas redondas) com a opinião de Daniel Oliveira, Clara Ferreira Alves, Pedro Marques Lopes e Luís Pedro Nunes. Um tema é lançado pelo mediador (que antes era de Nuno Artur Silva, e agora é por Aurélio Gomes) e os quatro comentadores (sim, o programa é português, por isso não são comentaristas) dão as suas opiniões baseadas em suas linhas políticas: Esquerda, centro esquerda, centro direita e direita.

Parece uma coisa chata e que dá sono, mas não é. Eles são mesmo muito bons e falam de coisas sérias, no melhor do mau humor português. No final deste post linkei o vídeo pra um episódio, vale a pena ver.

Todos estes comentadores têm colunas fixas nos grandes jornais e, apesar de eu gostar muito da forma de pensar do Daniel Oliveira, o Pedro Marques Lopes escreveu esta semana um texto no Diário de Notícias que eu acho super válido partilhar aqui.

Muitos têm me perguntado sobre a vida em Lisboa, os salários, custo de vida, e principalmente, o porque eu saí de Portugal.
A resposta para a última questão é: baixos salários. E este texto explica isso, além de fazer refletir sobre o descaso dos eleitores nas questões sérias.

O texto original está aqui, e o transcrevo abaixo.

Talvez a culpa seja sua
por Pedro Marques Lopes

No meio das polémicas que têm animado a pré-campanha eleitoral apareceu uma notícia sobre os salários dos trabalhadores portugueses. Segundo o Ministério da Economia, cerca de 20% dos portugueses que trabalham ganham hoje o salário mínimo (505 euros). Em 2011, eram 11,43% (485 euros). Ficámos também a saber que a remuneração média baixou no mesmo período 2,5%, ou seja, foi reduzida de 971,5 euros para 947 euros.

As conclusões são simples: apostou-se em salários baixos para aumentar a competitividade e grande parte dos postos de trabalho que se conseguiram criar (ainda estamos muito longe de recuperar o emprego que foi destruído) são agora mais mal pagos.

Convém sempre lembrar que um homem ou uma mulher que trabalham continuam pobres isso vai contra todos os valores, todas as convicções da sociedade que nos propusemos construir; que um dos princípios fundamentais da civilização europeia é a maior valorização do trabalho face aos outros meios de produção (tenha-se uma visão que tradicionalmente se aproxima mais da direita ou da esquerda europeia); que o conceito de salário mínimo nasceu exatamente para garantir que quem trabalhasse tivesse não só a sua subsistência mas também a sua dignidade assegurada.

Por outro lado, acho que nem ao mais feroz liberal ocorreria que se pudesse criar valor através do preço, ou que uma aposta em salários baixos seria sustentável a médio prazo. Tentar melhorar a nossa baixíssima produtividade através do custo do trabalho é apenas um disparate. Sem melhor formação, sem melhores meios tecnológicos, sem mais qualidade de gestão, sem mais aposta nas qualificações, o destino será inevitável: cada vez menos produtividade, e cada vez mais parecerá impossível não ir baixando sistematicamente os salários.

Mas, como é claro e reconhecido, a aposta política foi a de ganhar competitividade baixando os salários, e assim empobrecer os trabalhadores. No entretanto, destruíram-se milhares de postos de trabalho e abandonaram o país 485 mil pessoas em idade de trabalhar. Por outro lado, baixando o IRC valorizou-se o capital, tentando que uma maior remuneração dos investimentos gerasse mais emprego e mais disponibilidades para as empresas. É uma estratégia. Respirando fundo e munindo-me de todo o otimismo possível, imagino que o governo e os iluminados dirigentes europeus pensem que este caminho terá bons resultados. Que a conclusão deste processo resultará numa subida generalizada de salários, de descida da carga fiscal, de regresso dos nossos jovens, na melhoria da produtividade. O problema é que penso que este trajeto não tem estrada de regresso, que quando mais se percorre essa via mais improvável é o retorno, que o mais certo é o empobrecimento ir-se agravando. Mas isso é só a minha opinião.

Agora, pergunta-se, que discussão teria mais sentido nesta campanha eleitoral? A desta mudança estrutural na nossa comunidade, a de sabermos porque cresceu tanto o número de pessoas que levam a miséria de 505 euros para casa por mês, ou se um número dois de um projeto político deve comparecer em debates?

Alguém ouviu uma palavra que fosse sobre o primeiro assunto da boca dos principais líderes partidários, ou passou-se o tempo a discutir patéticas propostas de debates? Sim, o estudo do Ministério da Economia foi pouco divulgado. É verdade, os media (exceção ao DN) não lhe deram importância. Mas não é aos políticos que cabe discutir política? Ou há quem já esteja a culpar o mensageiro por ele não transmitir a mensagem que interessa?

E você, cidadão, que se fartou de pôr likes nos cartazes disparatados, que retweetou as piadas sobre os debates, acha que pode culpar os media por não falarem do fundamental? Acha que pode criticar os políticos por eles não falarem de assuntos cruciais para a sua vida e, depois, nem sequer se preocupar em saber porque cresceram tanto os seus concidadãos que apenas ganham o salário mínimo ? Não foi você que preferiu umas viagens pelos spins dos agentes provocadores nas redes sociais e embarcou na onda de falar de tudo menos do que importa?

Talvez os media se estejam a focar demasiadamente em fait-divers, e não tenho dúvidas de que os políticos não estão a falar do fundamental, mas, que diabo, se somos nós os primeiros a não querer falar, a não querer discutir questões básicas para nossa vida, para a nossa comunidade, que autoridade temos para exigir que nos esclareçam? Ainda somos nós que lemos os jornais que queremos, que escolhemos as televisões que vemos, que sintonizamos as rádios que gostamos, que comentamos o que queremos nas redes sociais.
Antes de criticar a qualidade do debate público lembre-se de si. É você que tem de a exigir e de ser também o primeiro a contribuir para que se fale do essencial. É que é sempre você que sofrerá as consequências.

Xenofobia ainda existe?

Nota: Texto desaconselhado para pessoas sensíveis a vocabulário de baixo calão
E a resposta é… Sim.

Triste, mas é verdade. Esse assunto veio a tona nos meus feeds do facebook e clicando aqui, clicando ali, apareceu a matéria fonte da informação. Confira-a aqui.

Mas isso não é exclusividade de Coimbra não. E muito menos de brasileiros. Ou de mulheres. Nem dos imigrantes africanos.

Homossexuais sofrem demais. Eu não fazia ideia até conversar com uma amiga minha que é gay.

Eu lhe disse que não Continue a ler Xenofobia ainda existe?

E 2012 finalmente chegou!!

Ontem, pra variar, fazia um dia lindo de inverno em Lisboa, e apesar de ter um cardápio complexo pra fazer pra ceia de reveillón, meu lindo marido me convenceu a dar uma voltinha pelo parque. Não com com um barrigão muito avantajado ainda, tô chegando a meio da espera pra segurar meu baby no colo, e todos os médicos e livros recomendam uma rotina de exercícios leves para todas as gestantes. Porque não ir? Continue a ler E 2012 finalmente chegou!!